Como parte das atividades do Programa de Educação Escolar Diferenciada, a Associação Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya) promoveu o primeiro curso de Formação Continuada dos professores indígenas do rio Marauiá após a pandemia de Covid-19, dentro do território Yanomami, em Santa Isabel do Rio Negro (a 631 quilômetros de Manaus).
De 23 a 29 de maio, 19 professores indígenas participaram da formação no xapono Bicho Açu para atualização e tira-dúvidas a respeito do currículo escolar, planejamento de aula e aplicação de sistemas avaliativos. Eles representaram 11 comunidades diferentes de um total de 21 existentes ao longo do rio Marauiá.
O curso foi ministrado pela professora e geógrafa Thaline Fontes e a pedagoga indígena Ana Claudia Tomas, formadoras da Secoya, em parceria com a Gerência de Educação Escolar Indígena da Secretaria de Estado de Educação e Desporto do Amazonas (GEEI Seduc-AM).
Com seis anos de experiência e atuação em campo junto ao Povo Yanomami, Thaline Fontes destacou a importância do papel da escola em trabalhar a afirmação dos direitos dos povos indígenas, fazendo a ponte entre os mais velhos e os alunos.
“Nesse contexto, formar o professor e melhorar a prática docente por meio de sugestões metodológicas inovadoras para o contexto específico Yanomami é parte essencial desse processo que, em última medida, resulta na proteção do território e no fortalecimento da autonomia Yanomami”, explica.
Além do aperfeiçoamento da prática docente, ela aponta o intercâmbio de experiências entre professores a respeito de metodologias práticas e contextualizadas; maior conhecimento da proposta da Seduc e utilização do planejamento e avaliação como ferramentas pedagógicas.
Os professores que participaram da formação são responsáveis pelas aulas nas salas anexas da Escola Estadual Pe. José Schneider e da Escola Estadual Indígena Sagrada Família, nos xapono Bicho Açu, Curuá, Taracuá, Jutaí, Komixiwë, Ixima, Pukima Beira, Raita Baixo, Raita Centro, Pukima Cachoeira e Kona Centro.
A formação contou com tradução para a língua Yanomami durante todo o desenvolvimento das atividades para o melhor compreensão e integração dos professores.
No próximo dia 20 de junho, a Secoya inicia a formação de novos professores abrangendo três calhas de rio: Marauiá, Demeni e Ayaris, por meio do Magistério Intercultural Yanomami com 51 cursistas indígenas. A formação terá duração de cinco anos.