Em ato público, Famddi reúne organizações indígenas e indigenistas nesta sexta (10)
Mobilização conta com a presença de delegações indígenas dos estados do Amazonas e Roraima
Em alusão ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, a Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (FAMDDI) promove ato público em defesa do Povo Yanomami nesta sexta-feira, 10.12, às 16h, na Praça do Congresso, Centro de Manaus (AM), com a presença de delegações das comunidades indígenas dos Estados de Roraima e do Amazonas.
Associações e organizações indígenas e indigenistas de Manaus e entorno se unem ao grito como apoio ao povo que habita o maior território do Brasil. O objetivo é chamar a atenção da sociedade e do mundo a respeito da política de genocídio contra o povo Yanomami e levantar recursos para fortalecimento da luta de resistência, além de permitir a troca de informações e promover o intercâmbio entre os indígenas.
De acordo com o professor Gersem Baniwa, coordenador da FAMDDI, este é um grito de socorro e de resistência, pertencente a toda sociedade. “Em um momento em que os direitos humanos do povo Yanomami estão em evidência de ataque e violência é justa e necessária a defesa e a solidariedade a esse povo. É pelo seu direito à vida, pelo seu direito à existência da forma que quiserem que vamos ecoar nossa voz nesse dia 10 de dezembro de 2021, Dia Internacional dos Direitos Humanos”.
Silvio Cavuscens, coordenador-geral da Associação Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya), destaca que o projeto do Governo Federal de desmonte das políticas públicas voltadas aos povos originários que, aliado ao incentivo de práticas exploratórias, como o garimpo, colocam em xeque a existência dos indígenas.
“Essa postura agravou um quadro já caótico de desnutrição, verminose e malária fora de controle no território. A Covid-19 paralisou todos os demais serviços e a falta de assistência fez com que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) declarasse situação grave de risco de danos irreparáveis dos povos indígenas Yanomami e Ye'kwana. Além disso, essas comunidades vivem sob constante ameaça do garimpo que, agora, também tem interferência de organizações criminosas”, afirma o coordenador da Secoya, organização que atua há 30 anos no apoio ao povo Yanomami do médio rio Negro.
As consequências dessa negligência deliberada é uma situação inaceitável, segundo Guenter Francisco Loebens, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Regional Norte 1. “Não dá para aceitar, é desumano demais essa violência consentida pelo governo contra o povo Yanomami associada à invasão garimpeira. Indígenas isolados sendo assassinados, comunidades atacadas, doenças disseminadas na terra indígena, abuso sexuais de mulheres indígenas, indígenas submetidos a condições de trabalho sub-humanas, rios e florestas sendo depredados e poluídos levando a fome e a subnutrição. Não podemos ficar indiferentes diante de tanta violência. Basta desse crime contra a humanidade. O futuro do povo Yanomami também é nosso futuro”, declara.
Do Amazonas, participam do ato público Erica Vilela Figueiredo, presidente da Associação de Mulheres Indígenas Kumirãyõma, e Vilmar da Silva Matos, secretário-geral da Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA), do município de São Gabriel da Cachoeira; Carlito Iximaweteri Yanomami, tuxaua ; Samuel Kohito Yanomami, liderança e Odorico Yanomami, conselheiro estadual de educação escolar indígena, do rio Marauiá, Santa Isabel do Rio Negro; além de Edgar Yanomami, Irineu Yanomami, Sidney Yanomami, do rio Demeni, município de Barcelos.
De Roraima, os representantes são Eliseu Xirixana Yanomami, Ivan Xirixana e Rivaldo Xirixana. A vinda da delegação conta com o apoio da Hutukara Associação Yanomami.
Desde o ano de 1950, em 10 de dezembro, a oficialização da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Organização das Nações Unidas (ONU) é celebrada em todo o mundo. Este ano, o documento criado em 1948, completa 73 anos. No entanto, na contramão da história, o mundo assiste ao genocídio de povos originários com a pressão sobre seus territórios e negligência do atendimento básico de saúde.
Maior território demarcado no Brasil, a Terra Indígena Yanomami possui 9,6 mil hectares, equivalente ao tamanho de Portugal, onde habitam mais de 30 mil indígenas em 321 aldeias, incluindo povos recentemente contatados e alguns em isolamento voluntário.
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