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Associação Yanomami relata falta de medicamento para tratar verminose e afirma que crianças

Carta da Hutukara Associação Yanomami (HAY) cita 'casos extremos de verminoses em crianças', alerta para saúde ‘precária’ na região devido ao aumento de casos de malária, falta de insumos e profissionais da saúde.


Por G1 RR

Associação Yanomami relata falta de medicamento para tratar verminose e afirma que crianças têm expelido vermes pela boca
Crédito: Rogério Assis/ISA/Divulgaçao)

A Hutukara Associação Yanomami (HAY) divulgou uma carta relatando a falta do medicamento Albendazol para tratar casos de verminose na Terra Indígena Yanomami. O documento cita casos extremos da doença, em que crianças chegam "ao ponto de expelir vermes pela boca”. O medicamento, segundo a instituição mais representativa deste povo indígena, está em falta em todos os polos bases da região.


O documento foi enviado no último dia 12 de julho ao Coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami e Yekwana (Dsei-YY), Ramsés Almeida, e ao presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami.

Junto com a carta, a HAY também divulgou uma imagem de vermes expelidas por uma criança (veja abaixo, a imagem é forte). Em junho, o Condisi-YY divulgou a morte de duas crianças, de 3 anos, com quadro grave de verminose e outras doenças na Terra Indígena Yanomami e já alertava para a falta de medicamento.


Além dos casos de verminose, a carta cita o aumento de casos de malária, falta de insumos e de profissionais da saúde para atender a região. O texto foi assinado por sete lideranças de seis regiões diferentes e pelo vice-presidente da HAY, Dário Kopenawa.


O g1 procurou o Ministério da Saúde, responsável pelo Dsei-YY, e o Ministério Público Federal, mas não havia resposta até a última atualização da reportagem.


Conforme o documento, há nove meses o remédio Albendazol não está disponível nos postos de saúde. A carta detalha que das comunidades atendidas pelo Dsei, apenas 10% têm acesso à água potável por poços artesianos e outros sistemas de acesso à água.


“A obstrução intestinal por bolo de áscaris [lombriga] e nossas crianças chegar ao ponto de expelir vermes pela boca não pode estar acontecendo. É inadmissível e mostra que há muito tempo não está sendo feito o tratamento com regularidade”, cita trecho da carta.


Os óbitos de junho relatados pelo Condisi-YY ocorreram dois dias após o Conselho relatar ao Ministério da Saúde a falta do remédio usado para tratamento de verme. O Condisi-YY é responsável por fiscalizar o serviço de saúde e, nos últimos dois anos, registrou dezenas de denúncias acerca do colapso na saúde Yanomami, incluindo casos graves de desnutrição.


As lideranças que assinam a carta divulgada pela HAY citam ainda que o tratamento não tem sido feito com regularidade e sugerem que isso ocorra a cada três meses.


"As crianças têm suas barrigas inchadas por causa dos vermes, é como se fosse uma barriga cheia de mingau de banana, mas são vermes, nós estamos sofrendo muito, não estamos vivendo bem".


Saúde precária


Além disso, a carta tem relatos de diversas regiões da TIY, entre elas as comunidades Korekorema, Kawani e da região de Homoxi, em que as lideranças avaliam que nos últimos três anos a situação tem piorado mostrando o "descaso e o abandono por parte do poder público".


"Os relatos nos trazem situações dramáticas e parecidas de diferentes regiões da TIY. Não é novidade que a situação de saúde nos últimos anos foi ficando mais precária. As lideranças se perguntam quais foram as medidas tomadas pelo Dsei-YY, pois as queixas manifestam situações análogas à aquelas denunciadas em 2021".


Para eles, os problemas tem se intensificado devido ao avanço do garimpo ilegal. A atividade gera impactos diretos na alimentação, segurança e saúde das comunidades.


O documenta relata, por exemplo, a destruição do Polo base Homoxi por garimpeiros. A equipe de saúde chegou a abandonar o local que agora está fechado. Os indígenas escolheram um novo ponto para o funcionamento do posto.


Em março deste ano, o g1 mostrou que uma cratera a céu aberto causada pelo garimpo ilegal já ameaçava a estrutura da Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) de Homoxi. O polo atendia 615 indígenas que vivem em comunidades na região. A área é de difícil acesso e só se chega de avião.






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