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Curso promove momentos de partilha e resgate de conhecimentos das Parteiras Tradicionais Yanomami

Capacitação feita pela Secoya atende demanda das mulheres do rio Marauiá



Com o objetivo de promover o resgate de conhecimentos ancestrais do parto Yanomami e  socializar cuidados básicos e tradicionais sobre a saúde da mulher e sua gestação, a Associação Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya) promoveu o primeiro encontro do Curso de Capacitação de Parteiras Tradicionais Yanomami, no xapono Pukima Beira, região do alto rio Marauiá, localizado no município de Santa Isabel do Rio Negro (a 630 quilômetros de Manaus).

 

Durante dez dias, 25 mulheres de diferentes gerações participaram da formação, acompanhadas de 11 crianças e 20 homens, que auxiliaram os grupos de cursistas de outros xapono a se deslocarem até o curso. A proposta da Secoya, aprovada em conjunto com os Yanomami, é promover uma capacitação de cinco anos, por meio do programa de Educação em Saúde, o que permitirá avaliar resultados concretos obtidos ao longo do período.

 

O curso se propôs a estudar e dialogar entre mulheres Yanomami e facilitadoras sobre a função da parteira tradicional Yanomami, com a facilitação da antropóloga  Ana Lúcia Tofoli, especialista em capacitação de parteiras. O curso trabalhou a identidade e o papel das mulheres que detém esse conhecimento no contexto da saúde da mulher indígena, considerando práticas tradicionais e diálogos com a equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena, que trouxe a outra ponta das experiências relacionadas aos atendimentos feitos na área indígena.

 

A iniciativa foi construída em resposta às demandas das mulheres Yanomami, a partir do diagnóstico realizado em três encontros realizados nos xaponos Bicho Açu, em 2017; Balaio, em 2021 e Ixima, em 2022,respectivamente; além da oficina sobre saúde da mulher realizada no Balaio, em 2018.

 

A responsável pelo programa de Educação em Saúde, Sylvie Peter, destaca que o projeto de capacitação de parteiras Yanomami agrega um relevante e significativo serviço ao povo Yanomami ao identificar e resgatar boas práticas que ajudam a combater a mortalidade materno-infantil, a partir do conhecimento tradicional feminino, além de garantir a participação política das mulheres Yanomami. O projeto prevê ainda um intercâmbio e um estágio final em uma maternidade.

 

Com ajuda de tradutores indígenas, o curso abordou um pouco sobre a legislação que garante o atendimento à Saúde Diferenciada Indígena. Em um segundo momento, foram socializadas práticas tradicionais das parteiras Yanomami. Também foi feita apresentação do Plano de Ação, que prevê outros encontros sobre os seguintes temas: Governança e saberes tradicionais; Subsistema de saúde indígena; Acompanhamento ao parto Yanomami; Sinais gerais de perigo e complicações; Bem-viver Yanomami; Estratégia de luta contra as mortes evitáveis; e Construção e desenvolvimento de conceitos.


Toda a dinâmica foi acompanhada por um profissional de saúde da Secretaria de Saúde Indígena (SESAI). O curso contou ainda com a assistência da Mestre em Antropologia Social, Violeta Salazar, assistente da coordenação do programa de Educação em Saúde da Secoya e com os tradutores Sérgio Yanomami, agente indígena de saúde no xapono Pukima Beira; e Claudinei Yanomami, segundo secretário da Associação Yanomami Kurikama, que representa os indígenas do povo Yanomami do rio Marauiá.

 

Durante o curso são abordados temas como instrumentalização e conhecimentos de assistência primária à saúde de mulheres Yanomami grávidas, em parto, puerpério e do recém-nascido; Educação para Jovens Adultas e; teoria e prática da biomedicina como a fisiologia do parto e prevenção de complicações na gravidez e no parto, além de primeiros socorros a riscos no parto. Questionamentos sobre o que é feito com o cordão umbilical e a placenta após o parto - reforçando que é preciso expelir a mesma - entre outros questionamentos como o descanso ou não no período pós-parto e que tipos de alimentos costumam comer, promovem uma reflexão dinâmica e um intercâmbio entre parteiras experientes da região e de outras regiões, a partir da troca de saberes.

 

No último dia, foi realizada a entrega dos certificados dos encontros e oficinas realizados anteriormente: certificados do 3º Encontro de Mulheres Yanomami do Rio Marauia. 1º Encontro de Multiplicadores da Saúde Yanomami e 1ª Oficina de AISAN do Rio Marauiá.


Como resultado do primeiro encontro, foi discutida a produção de uma cartilha, junto com os tradutores, a partir dos trabalhos em grupo apresentados pelas cursistas. Foi identificado ainda que a conexão criada entre as mulheres participantes da capacitação ajuda a manter a assiduidade no curso.

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