Mortes por causas evitáveis ainda assolam povo Yanomami
Passado um ano da declaração da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) na Terra Indígena Yanomami, as mortes e as consequências da invasão territorial por garimpeiros e da negligência no atendimento de saúde dos últimos anos continuam. Os esforços do Governo Federal a partir de 2023, de proteção às comunidades gravemente atingidas, principalmente na porção do território em Roraima, não foram suficientes.
Dados do boletim último boletim do Centro de Operações de Emergências (COE) apontaram 308 óbitos dentro da Terra Indígena Yanomami relacionados, em sua maioria, a problemas de saúde e doenças de cunho preventivo como malária, diarreia e pneumonia. O agravante é que, do total de mortes, 52,5% foram de crianças com menos de 5 anos de idade.
Em uma população estimada em 31 mil indígenas, foram registrados mais de 25 mil casos de malária. Os números referem-se ao período de 1º de janeiro até 30 de novembro de 2023. Em 2022 foram 343 mortes até o fim de dezembro.
No dia 10.01.24, os ministros dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, visitaram a região de Auaris, na fronteira do Brasil com a Venezuela, para monitorar a situação do povo Yanomami.
O Governo Federal anunciou a liberação de crédito extraordinário de R$ 1,2 bilhão para implementar ações estruturantes na região que serão executadas por meio da ‘Casa de Governo, que concentrará a atuação permanente de segurança e políticas públicas na região. O plano de ação, segundo anúncio oficial, deverá ser apresentado dentro de um mês.
O secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba anunciou a construção do primeiro hospital indígena do Brasil, que será instalado em Boa Vista. Outra medida é que o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas passará a ter equipes permanentes em Roraima, a partir da segunda quinzena de fevereiro.
A Associação Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya) reforça o apoio ao povo Yanomami e à necessidade de implantação de medidas estruturantes relacionadas à saúde e segurança do território como um todo, uma vez que já se observa movimentação de exploração de minérios, também, na porção territorial do Amazonas. Além disso, a organização não governamental reitera que investir no processo organizativo, bem como na criação de uma escola indígena própria, que reconheça os valores e conhecimentos ancestrais deste povo, fortalece e favorece a governança do povo Yanomami.
*Com informações da Agência Brasil
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