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Raoni diz que o Presidente mentiu em discurso na ONU e que quem toca fogo são os fazendeiros

Presidente afirmou na Assembleia Geral das Nações Unidas que a Amazônia é úmida e que quem provoca incêndios são caboclos e índios.

A reportagem é de Kessillen Lopes e Lo-hanna Nunes, publicada por G1, 26-09-2020.

O cacique Raoni Metukture se manifestou neste sábado (26) sobre o discurso que o presidente Jair Bolsonaro fez na Assembleia das Nações Unidas (ONU), na última terça-feira (22). Na ocasião, Bolsonaro elogiou a política do governo para o meio ambiente, disse que o Brasil é vítima de desinformação e afirmou que os incêndios na Amazônia são causados “pelo índio e pelo caboclo, que queimam seus roçados”.

Raoni foi até Sinop, no norte do estado, para realizar exames do coração e procurou a imprensa para defender os indígenas dos ataques sofridos.


“Não aceito. Ele diz no jornal que índio está botando fogo no planeta, isso é pura mentira. São os próprios fazendeiros. Alguns fazendeiros prejudicam a mata, a natureza. Madeireiros, garimpeiros… Eles que estão botando fogo no planeta”, disse o líder indígena.

O Cacique disse ainda que sempre teve apoio de outros presidentes para defender e preservar o meio ambiente por meio de políticas públicas. No entanto, segundo ele, a partir deste ano, não conseguiu mais discutir essas questões devido à falta de diálogo com o atual presidente.


“Somos os primeiros habitantes nessa terra e depois o homem branco que já vem destruindo a vida e a natureza, isso me preocupa. Quero dizer aqui pra vocês, que ex-presidentes que já sentaram no cargo como: Tancredo Neves, Sarney, Color… Todos que passaram nunca houve desentendimento comigo. Nunca tiveram problema. Estes presidentes acolheram minhas demandas, de preservar a natureza”, disse.

Discurso do presidente

O discurso de Bolsonaro na Assembleia da ONU foi proferido em um contexto de intensas queimadas que assolaram o Pantanal nas últimas semanas. O bioma teve em setembro o recorde histórico de focos de incêndio para o mês. Na Amazônia, principal alvo de preocupação da comunidade internacional, os alertas de desmatamento subiram 34% de agosto de 2019 a julho de 2020, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).


No discurso, Bolsonaro disse que a floresta amazônica é úmida. Por isso, segundo ele, o fogo não se alastra pelo interior da mata.

“Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas. Os focos criminosos são combatidos com rigor e determinação”, declarou o presidente.


Luta pelo meio ambiente


O cacique Raoni é reconhecido ambientalista e defensor dos direitos dos povos indígenas. Ele é o líder do grupo Kayapó mais antigo, que vive em aldeias espalhadas nos estados do Mato Grosso e Pará.

Sua incansável luta por demarcação de terras e proteção da Floresta Amazônica o levou a ganhar o respeito e admiração não apenas de seu povo, mas de todas as comunidades indígenas brasileiras, além de chefes de estado estrangeiros, como Emmanuel Macron e ambientalistas.

Raoni ganhou projeção internacional nos anos 1980, liderando uma campanha global ‘Save de Rainforest’ (Salve a Floresta), juntamente com o músico Sting. Eles visitaram 17 países de abril a junho de 1989. A campanha foi muito bem sucedida e deu ao cacique Raoni a oportunidade de aumentar a conscientização mundial sobre desmatamento. Doze fundações para proteção da Floresta foram criadas para angariar fundos para a criação de uma reserva contínua abrangendo a Bacia do Alto e Médio Rio Xingu, entre o Mato Grosso e o Pará.

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