O POVO YANOMAMI
O povo Yanomami possui, no Brasil, um território de aproximadamente 9.664.975 ha. ou 96.649,75 Km2, sendo que o mesmo está situado em ambos os lados da fronteira Brasil-Venezuela (interflúvio Amazonas-Orinoco). No Brasil ocupam as áreas dos afluentes da margem direita do rio Branco e esquerda do rio Negro.
Os Yanomami representam uma pequena família linguística composta por 04 línguas próximas que não pertencem a nenhum tronco linguístico indígena da América do Sul, sendo considerada totalmente isolada. As quatro línguas são (referência linguística de Henri Ramirez): Língua Sanoma (Roraima Ocidental); Língua Yanomami (Yanomami / Oriental e Xamatari / Ocidental); Língua Ninan (Mucajaí); Língua Yanomae (Ajarani).
Recentes estudos linguísticos apontam para a presença de mais duas línguas Yanomami: o Yaroamë (400 falantes) e o Yãnoma (180 falantes) em uso na região do sudeste do território Yanomami no estado de Roraima. ( Línguas Yanomami no Brasil: diversidade e vitalidade” publicado pelo Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)-Pesquisadores Helder Perri, Estêvan Benfica Machado e Ana Maria Antunes.
Além disso temos a língua não Yanomami = o Ye´kuana
modo de vida
As aldeias se constituem por uma maloca plurifamiliar - construção circular com pátio central que pode reunir de 30 a 200 pessoas chamada de xapono - ou várias casas, e mantêm, entre si, níveis de comunicação, onde se desenvolvem relações econômicas, matrimoniais e rituais. A organização de cada grupo familiar está sob a responsabilidade de um perioma – liderança tradicional podendo ter várias liderança em cada xapono.
O xapono representa ainda um espaço efetivamente social, ritualístico e simbólico. Como espaço social, o xapono permite uma interação permanente entre todos os membros, dentro do espaço conferido por cada célula unifamiliar, ou ainda no pátio central de uso comunitário. A relação entre os xapono ocorre através de complexa teia de relações.
Os Yanomami se caracterizam tradicionalmente pelo semi-nomadismo, são caçadores e coletores de produtos da floresta, mas praticam também a agricultura de subsistência (principalmente de banana, macaxeira, milho) e a pesca. Tradicionalmente, o tempo médio de permanência num mesmo xapono (aldeia circular), é de 5 a 6 anos, período depois do qual os recursos começam a se exaurir, motivando-os a buscar nova área de moradia, como parte da estratégia de mobilidade territorial remontada de forma milenar.
DIVISÃO DO TRABALHO
As mulheres cuidam de práticas quotidianas tais como cortar a lenha, coletar frutas na floresta, preparar os alimentos, confeccionar as cestarias e outros objetos da cultural material Yanomami, cuidar dos afazeres domésticos bem como das crianças.
Os homens se encarregam das atividades ligadas a subsistência, através da caça e pesca, fazem a derrubada da mata e a preparação do terreno para o plantio e cuidam da construção das casas. Além disso, cuidam da defesa do grupo, confeccionam suas armas tais como arcos e flechas, artefatos e instrumentos cerimoniais, entre outros. O trabalho na roça é feito assumido por todos, sendo a derrubada, queimada e coivara de responsabilidade dos homens, o plantio e os tratos culturais principalmente das mulheres
ameaças externas
ameaças da política governamental
Diversos fatores vêm ameaçado os povos indígenas brasileiros. A degradação nos últimos 10 anos das políticas implantadas pelo governo colocam em risco os direitos indígenas.
Cada vez mais a participação civil e dos representantes indígenas perde força frente a um contexto de imposição verticalizada das políticas de estado. O subsistema de saúde indígena não atende às necessidades preventivas da população indígena, oferecendo um serviço curativo que não dialoga com a saúde tradicional. A educação formal tem ainda dificuldade em compreender e incorporar a educação escolar diferenciada, bilingue e intercultural.
ESPIRITUALIDADE
A ligação do povo Yanomami com a sua terra, com o céu, com a sua cosmologia e mitologia, com os xapiri (os espíritos) na relação que os ligam aos seus ancestrais, a sua cultura tradicional revela tratar-se de outro universo cultural.
Os Yanomami possuem vasto conhecimento da geografia do local, da biologia, botânica, dos ciclos da natureza, da fauna e da flora, das montanhas, dos rios, os peixes. Têm amplos conhecimentos sobre saúde, identificam doenças através dos sintomas apresentados e processam a cura através do domínio de práticas espirituais, capazes de afastar os males que atingem o bem-estar individual e rompem o equilíbrio social do grupo.
O reahu representa sem dúvida a cerimônia mais importante na cultura Yanomami, por corresponder duplamente a um ambiente festivo, associado a gravidade de um ritual fúnebre, o qual a participação dos hama – visitantes, é de fundamental importância.
O processo de implantação da saúde dos napë deixou os Yanomami perplexos, dividindo-os entre a necessidade de receber uma assistência para atender os novos problemas de saúde e o desejo camuflado de dar fluxo ao xamanismo e aos práticas tradicionais de curar e de cuidar dos pacientes, envolvendo a família, a comunidade e os pajés.