EDUCAÇÃO
DIFERENCIADA
A Educação Diferenciada trata-se de uma ação político-educativa em direção ao empoderamento e protagonismo do povo Yanomami, favorecendo uma governança pro-ativa em relação à vida no território e a construção de um futuro digno. O espaço da escola tem permitido abordar questões importantes para o povo Yanomami tais como: a promoção de uma educação para a cidadania, o fortalecimento da autoestima e afirmação da identidade étnica diante dos desafios na relação com a sociedade envolvente, a sustentabilidade em seu território e outros.
princípios da EDUCAÇÃO DIFERENCIADA
Formação de professores indígenas:
Instrução de indivíduos respeitando às diferenças sociais e linguísticas da comunidade.
Acompanhamento de professores:
Observação das necessidades e desafios enfrentados pelo professor no dia-a-dia.
formação de professores yanomami
A Educação Diferenciada caracteriza-se pela formação de professores para o Magistério Indígena, a fim de formar um corpo docente Yanomami para lecionar em cada xapono de forma ininterrupta, sem depender exclusivamente de professores não-indígenas. Assim, a equipe da SECOYA passa a assumir o acompanhamento pedagógico e realização de cursos formativos. Os professores Yanomami ensinam os conteúdos necessários ao protagonismo indígena através de três etapas de ensino:



Horearewë
aquele que engatinha
O professor Yanomami estimula a coordenação motora e inicia a alfabetização em yanomamɨ, fazendo ditado de sílabas e palavras curtas e revisões, praticando palavras da língua materna, e apresentando os números;
Upraarewë
aquele que levanta
O professor Yanomami intensifica a alfabetização em yanomami, ensina matemática, e inicia o estudo de português, apresentando o alfabeto, praticando a leitura de textos, fazendo pesquisa da história com os pata do xapono, trabalhando desenhos das festas tradicionais, das pinturas corporais e produzindo mapas do xapono;
Rërëarewë
aquele que corre
O professor Yanomami ensina a matemática, as quatro operações, a língua portuguesa, tradução e a escrita de textos, também desenhos, histórias e costumes do povo yanomami, e o que mais a turma achar interessante.
ACOMPANHAMENTO DE PROFESSORES
A equipe da Secoya realiza o trabalho de dispersão, que consiste em permanecer um período em cada Escola Diferenciada para acompanhar o trabalho do professor e realizar reuniões de cunho pedagógico, bem como fazer círculos de conversa com a comunidade e estudantes.
Além disso, como ação complementar à formação de professores, iniciou-se o trabalho com oficinas e cursos de formação, onde a atual equipe, composta por 02 assessoras de educação, realizam oficinas, em xapono escolhido pelos professores visando expandir o conhecimento pedagógico dos professores Yanomami. Até o momento foram realizadas:
2015
Oficina de Língua Portuguesa e Oficina sobre o Trabalho Pedagógico;
2016
Curso Educação Escolar Diferenciada
2017
Oficina Metodologias de Ensino de Matemática
2018
Curso Preparatório para Concurso da Secretária de Educação e
Qualidade de Ensino do Estado do Amazonas – SEDUC e Oficina sobre o Papel do Professor.
Material didático diferenciado
Ao longo das etapas do Magistério, e continuando nos atuais cursos, a SECOYA tem prezado por contemplar momentos de elaboração de Materiais didáticos próprios para serem utilizados nas Escolas Diferenciadas.
São materiais construídos a partir do que está sendo trabalho em cada curso e/ou oficina, que são redigidos em Língua Yanomami, para o uso nas turmas Horearewë e Upraarewë, e Língua Portuguesa para o uso na turma Rërëarewë.
A dinâmica de elaboração de materiais contempla que todos e todas possam participar nos variados momentos de sua elaboração: na redação de textos, na elaboração de exercícios, na escolha de temáticas, na confecção das ilustrações, etc.
AS ESCOLAS YANOMAMI
As escolas atendidas pela Secoya foram reconhecidas como salas anexas da Escola Estadual Pe. José Schneider em 2016 pela Secretaria de Educação.
Todo trabalho e metodologia da escola diferenciada foram explicados para o povo Yanomami e mostradas que são garantidas por lei, tanto na Constituição Federal de 1988 como nas Leis de Diretrizes de Base e na Convenção 169 da OIT.
Com o passar do tempo, os Yanomami compreenderam melhor seus direitos e deveres na qualidade de Yanomami como também de cidadãos brasileiros e passaram a acompanhar as lutas do movimento indígena amazônico e a defender cada vez mais a construção e criação das escolas diferenciadas.